segunda-feira, 16 de maio de 2016

O professor de creche

Professor de bebês

Ser professor de educação infantil tem necessidades diferentes de ser professor nas demais etapas de ensino. No entanto é importante retomarmos que esta etapa é subdividida em creche e pré-escola e, esta lembrança se dá ao fato de destacarmos que mesmo sendo educação infantil, ser professor de creche demanda de outras exigências mais específicas.
De forma geral sobre o perfil profissional na educação infantil o RCNEI aborda que:

“O trabalho direto com crianças pequenas exige que o professor tenha uma competência polivalente.”

Trabalhar com diferentes naturezas e desenvolver projetos educativos conforme aborda o documento cabe aos professores de creche, mas para atender às crianças de 0 a 3 anos precisamos entender inicialmente sobre os conhecimentos teóricos e práticos particulares de dessa faixa etária para favorecer de fato o desenvolvimento integral das crianças.
Pesquisas apontam deficiência na formação de professores de creche por conta do distanciamento de abordagens teóricas específicas e da prática com bebês e crianças pequenas, ambos impactam no cotidiano desses professores em pensarem, planejarem e colocarem suas práticas em ação nas instituições (Machado, 2008).
Sobre o contato com as práticas durante a formação inicial Pineda aponta que a busca dos alunos de Pedagogia no estágio curricular obrigatório da educação infantil, é muito maior na pré-escola do que em berçários. Não ter contato anterior deixa o profissional inseguro ao se deparar com o bebê na escola. Sobre isso Souza e Weiss  lançam a dúvida: “O que fazer com os bebês?”  e ainda comentam que:

“Mesmo que já tivéssemos lido e estudado a respeito do trabalho com crianças tão pequenas, não conseguiríamos pensar concretamente sobre o que faria parte de sua rotina. Com certeza saberíamos dos cuidados pertinentes ao dia a dia delas, porém nossa indagação maior era: que tipo de trabalho desenvolver com essas crianças ainda tão pequenas, que “não falam”, não escrevem e nem mesmo conseguem segurar “direito” um lápis, um pincel etc.?”

Exatamente neste momento que nos confirma o fato de que não basta apenas ter o contato doméstico com bebês e crianças pequenas, porque na escola a proposta é um profissional que tenha conhecimentos diferenciados para favorecer o desenvolvimento desses sujeitos.
Muitas vezes por não saber como trabalhar com as crianças de 0 a 3 anos que muitos profissionais e instituições se limitam a práticas assistenciais de cuidados. Algumas instituições até tentam trabalhar, no entanto, se enganam ao achar correto a proposta de ter um professor para “dar atividades pedagógicas” e auxiliares para as ações de higiene e saúde como troca de fraldas, banho, alimentação. A proposta correta é que o educar não se separe do cuidar e vice-versa. É preciso compreender que ao desenvolver essas ações de cuidado, o professor também educa a partir do toque, do olhar direto, da conversa, do afeto.
Ser professor de creche é também compreender como ocorre o brincar nessa faixa etária e como promove-lo em seus planejamentos diários. As atividades devem ser de exploração concreta, de curiosidades e descobertas valorizando a identidade, a autonomia, a expressão, a comunicação e todas as linguagens.
Ser professor de creche é compreender que o observar, o acompanhar e o registrar, são atos que levam a pensar sobre os avanços de cada criança e de si próprio enquanto profissional. É ter um olhar atento à organização de espaço, à seleção e oferta de objetos, à segurança, às necessidades dos pequenos como propostas educativas. É saber que ora teremos família totalmente envolvida com a instituição, ora extremamente anônima no processo. É acreditar que cada criança é um sujeito único, com conhecimentos diferentes e com tempo e necessidades particulares .



 

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