As crianças têm muito o que aprender na creche
Em nenhuma outra fase da vida as crianças se desenvolvem tão rapidamente quanto até os 3 anos de idade. Daí a importância de entender como cada atividade ou brincadeira ensina
Os pequenos recebem cuidado e atenção e têm espaço para explorar, brincar e se conhecer. Em sala, têm à disposição brinquedos e materiais que incentivam a expressão artística e estimulam a imaginação. No parque, se divertem pisando na areia. Mesmo sem saber ler, manuseiam livros. Muitas vezes, nem conseguem falar e já estão "cantando" cantigas de roda e seguindo a coreografia. Assim é o dia das crianças de até 3 anos nas boas creches do país.
Essas atividades compõem os conteúdos desse nível da Educação Básica. O termo é recente nessa etapa do ensino, mas tem se difundido graças às descobertas sobre a evolução cognitiva e emocional dos bebês. "Todas essas experiências que fazem parte da rotina devem ser organizadas em um currículo de forma a proporcionar o desenvolvimento de habilidades, como andar, e a aprendizagem de aspectos culturais, como o hábito da leitura", diz Beatriz Ferraz, consultora em Educação Infantil e coordenadora da Escola de Educadores, em São Paulo. O conhecimento, nessa fase, se dá basicamente por meio da ação, da interação com os colegas e os adultos, da brincadeira, da imaginação e do faz de conta. "Não se trata, portanto, de escolarizar as crianças tão cedo, mas de apoiá-las em seu desenvolvimento", ressalta Beatriz.
Nesta reportagem, você encontra sete atividades realizadas ao longo de um dia por turmas de 1 e 2 anos na IMI Maroca Veneziani, em São José dos Campos, a 97 quilômetros de São Paulo. Elas estão inseridas nos seguintes eixos do currículo (o nome varia conforme a rede, mas a essência é a mesma):
1. Exploração dos Objetos e Brincadeiras
2. Linguagem Oral e Comunicação
3. Desafios Corporais
4. Exploração do Ambiente
5. Identidade e Autonomia
6. Exploração e Linguagem Plástica
7. Linguagem Musical e Expressão Corporal
Acompanhe essa rotina nas próximas páginas para entender como a criançada aprende tanto ao brincar!
Nesta reportagem, você encontra sete atividades realizadas ao longo de um dia por turmas de 1 e 2 anos na IMI Maroca Veneziani, em São José dos Campos, a 97 quilômetros de São Paulo. Elas estão inseridas nos seguintes eixos do currículo (o nome varia conforme a rede, mas a essência é a mesma):
1. Exploração dos Objetos e Brincadeiras
2. Linguagem Oral e Comunicação
3. Desafios Corporais
4. Exploração do Ambiente
5. Identidade e Autonomia
6. Exploração e Linguagem Plástica
7. Linguagem Musical e Expressão Corporal
Acompanhe essa rotina nas próximas páginas para entender como a criançada aprende tanto ao brincar!
1. Conhecimento pela imaginação (Eixo: Exploração dos Objetos e Brincadeiras)
O Eixo Exploração dos Objetos e Brincadeiras se baseia na ideia de que brincando a criança desenvolve a capacidade de imaginar, se insere na cultura e na sociedade e aprende a viver em grupo. Sozinha ou com os amigos, ela usa todos os recursos de que dispõe para explorar o mundo, ampliar sua percepção sobre ele (e sobre si mesma), organizar o pensamento e trabalhar com afetos e sentimentos. Isso tudo ocorre num grau ainda maior quando o brincar envolve o chamado faz de conta.
- Como o bebê aprende com isso Por meio do jogo simbólico, a criança passa a dar diferentes significados a um único objeto. "Um pedaço de pau pode ser uma bengala ou uma boneca que se embala. Os adultos fazem o mesmo: interpretam fatos ou objetos de diferentes formas", explica Maria Clotilde Rossetti-Ferreira, coordenadora do Centro de Investigações sobre Desenvolvimento Humano e Educação Infantil (Cindedi), da Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto. O faz de conta é o primeiro contato da criança com as regras e com o papel de cada um, aprendizado fundamental para a vida em sociedade. A imaginação tem ainda uma função importante na regulação das próprias emoções e das ações. Aqueles que tiveram tolhida na infância a possibilidade de imaginar, em geral, apresentam a dificuldade de controlar os impulsos na vida adulta. "A imaginação é um jeito de concretizar um pensamento sem a necessidade da ação. Eu posso querer bater em alguém, mas sei controlar esse impulso e não preciso agir", explica Clotilde.
- Outras aprendizagens A brincadeira e o faz de conta são meios também de desenvolver a linguagem. Imaginando, a criança se comunica, constrói histórias e expressa vontades. "Ao se relacionar com os colegas, coloca-se no lugar do outro, reforçando sua identidade", ressalta Maria Ângela Barbato Carneiro, coordenadora do Núcleo de Estudos do Brincar da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
- Base teórica De acordo com o médico e psicanalista inglês Donald Winnicott (1896-1971), a liberdade que o brincar proporciona é fundamental para o desenvolvimento da criança por levá-la a conciliar o mundo objetivo e a imaginação. É dele também a ideia de relação entre a ausência de brincadeiras na infância e os problemas emocionais.
O DIA COMEÇA COM O FAZ DE CONTA Logo após serem recebidas com muita atenção, as crianças podem circular pela sala e escolher em que canto brincar e com quem. No jogo de faz de conta, a professora interage com elas e estimula a brincadeira: "Ah, vocês estão cozinhando? O que vão preparar? Está com uma cara ótima! Dá um pouco pra sua amiga". A comunicação, oral e gestual, é constante.
- Como o bebê aprende com isso Por meio do jogo simbólico, a criança passa a dar diferentes significados a um único objeto. "Um pedaço de pau pode ser uma bengala ou uma boneca que se embala. Os adultos fazem o mesmo: interpretam fatos ou objetos de diferentes formas", explica Maria Clotilde Rossetti-Ferreira, coordenadora do Centro de Investigações sobre Desenvolvimento Humano e Educação Infantil (Cindedi), da Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto. O faz de conta é o primeiro contato da criança com as regras e com o papel de cada um, aprendizado fundamental para a vida em sociedade. A imaginação tem ainda uma função importante na regulação das próprias emoções e das ações. Aqueles que tiveram tolhida na infância a possibilidade de imaginar, em geral, apresentam a dificuldade de controlar os impulsos na vida adulta. "A imaginação é um jeito de concretizar um pensamento sem a necessidade da ação. Eu posso querer bater em alguém, mas sei controlar esse impulso e não preciso agir", explica Clotilde.
- Outras aprendizagens A brincadeira e o faz de conta são meios também de desenvolver a linguagem. Imaginando, a criança se comunica, constrói histórias e expressa vontades. "Ao se relacionar com os colegas, coloca-se no lugar do outro, reforçando sua identidade", ressalta Maria Ângela Barbato Carneiro, coordenadora do Núcleo de Estudos do Brincar da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
- Base teórica De acordo com o médico e psicanalista inglês Donald Winnicott (1896-1971), a liberdade que o brincar proporciona é fundamental para o desenvolvimento da criança por levá-la a conciliar o mundo objetivo e a imaginação. É dele também a ideia de relação entre a ausência de brincadeiras na infância e os problemas emocionais.
2. Contato com a escrita (Eixo: Linguagem Oral e Comunicação)
Dentro do eixo Linguagem Oral e Comunicação, são trabalhadas questões relativas aos meios de expressão. As crianças que vivem num ambiente rico em interações aprendem a demonstrar desejos, sentimentos e necessidades. O processo se inicia com gestos e balbucios e se intensifica nas situações coletivas. O mesmo ocorre com a escrita: para atribuir sentido a essa prática, os pequenos têm de tomar contato com ela.
- Como o bebê aprende com isso Hoje se sabe que a evolução da comunicação não se dá de forma espontânea nem está relacionada à genética e à hereditariedade. Participar de diferentes formas sociais de comunicação tem um papel fundamental nessa aprendizagem. E aí a creche é rica: os bebês brincam, conversam com o professor, ouvem histórias e a descrição do que o adulto está fazendo, por exemplo, enquanto se troca a fralda. Com a linguagem escrita, o caminho é o mesmo. As crianças inseridas em sociedades que têm esse recurso como um forte elemento de comunicação começam a se interessar por ele bem mais cedo. Ninguém espera que as de 2 ou 3 anos memorizem ou rabisquem letras, mas o contato com adultos que escrevem regularmente e leem para elas e para si mesmos aumenta o interesse e o desejo de dominar a língua escrita. "Participar de atividades de comunicação e leitura interessantes, respeitado o nível de desenvolvimento, vai ajudar os pequenos quando chegarem à alfabetização", explica Maria Ângela.
- Outras aprendizagens O contato com os livros pode desenvolver a linguagem plástica se o professor chamar a atenção para diferentes estilos de ilustração. "O conteúdo das obras também amplia a exploração do ambiente ao trazer informações distantes do meio em que vive a turma", diz Maria Ângela.
- Base teórica A psicolinguista argentina Emilia Ferreiro afirma que elas, mesmo não alfabetizadas, devem ter contato com a linguagem escrita.
- Como o bebê aprende com isso Hoje se sabe que a evolução da comunicação não se dá de forma espontânea nem está relacionada à genética e à hereditariedade. Participar de diferentes formas sociais de comunicação tem um papel fundamental nessa aprendizagem. E aí a creche é rica: os bebês brincam, conversam com o professor, ouvem histórias e a descrição do que o adulto está fazendo, por exemplo, enquanto se troca a fralda. Com a linguagem escrita, o caminho é o mesmo. As crianças inseridas em sociedades que têm esse recurso como um forte elemento de comunicação começam a se interessar por ele bem mais cedo. Ninguém espera que as de 2 ou 3 anos memorizem ou rabisquem letras, mas o contato com adultos que escrevem regularmente e leem para elas e para si mesmos aumenta o interesse e o desejo de dominar a língua escrita. "Participar de atividades de comunicação e leitura interessantes, respeitado o nível de desenvolvimento, vai ajudar os pequenos quando chegarem à alfabetização", explica Maria Ângela.
- Outras aprendizagens O contato com os livros pode desenvolver a linguagem plástica se o professor chamar a atenção para diferentes estilos de ilustração. "O conteúdo das obras também amplia a exploração do ambiente ao trazer informações distantes do meio em que vive a turma", diz Maria Ângela.
- Base teórica A psicolinguista argentina Emilia Ferreiro afirma que elas, mesmo não alfabetizadas, devem ter contato com a linguagem escrita.
3. Domínio do corpo e destreza (Eixo: Desafios Corporais)
O eixo Desafios Corporais trata de parte importante da experiência humana e da cultura. O movimento pode ser visto como um meio de expressão e está relacionado à significação de si, do outro e do mundo. O sentido que os bebês atribuem a si próprios como pessoas independentes está fortemente ligado ao desenvolvimento da capacidade de controlar suas ações motoras, de manipular objetos e de se deslocar.
- Como o bebê aprende com isso Quando as crianças têm espaço e liberdade para se movimentar, aprendem a medir sua força e seus limites. Elas se exercitam até que o domínio da ação as impele ao próximo desafio, como se dissessem: "Já sei andar. Vou ver se corro". Nos primeiros anos de vida, ocorrem grandes mudanças em relação a tudo o que se refere à capacidade de movimento. O bebê passa de uma situação de dependência para uma de certo controle, do movimento descoordenado à coordenação quase total. "Tudo isso se dá por meio de brincadeiras simples, como se movimentar num cavalinho de balanço", explica Beatriz Ferraz. Por volta do primeiro ano de vida, a criança começa a construir uma representação do próprio corpo, dos seus segmentos e de suas possibilidades e limitações. Esse esquema corporal é criado com base em experiências cognitivas, verbais, motoras ou relacionadas a sensações. Os conceitos de organização espacial também se formam nessa fase por meio do contato com as expressões que os adultos usam para indicar a localização do bebê (dentro, fora etc.). Com o tempo, eles são interiorizados e dão início à construção das ideias sobre o espaço e o tempo (em cima, embaixo, amanhã, depois etc.). O movimento e a fala dos educadores são responsáveis ainda pela aquisição das noções de duração, sucessão e ritmo.
- Outras aprendizagens O movimento, por si só, é uma das primeiras conquistas da criança rumo à autonomia e à formação da identidade. Já as experiências relativas ao espaço e ao tempo garantem que ela se aproxime de noções de Matemática e de conceitos-chave para a exploração do ambiente.
- Base teórica Segundo as ideias do psicólogo e filósofo francês Henri Wallon , o movimento é a base da comunicação dos pequenos. A motricidade, portanto, tem um caráter pedagógico tanto pela qualidade do gesto como por sua representação.
BALANÇA, PULA, ENTRA E SAI, SOBE E DESCE... Uma área externa preparada para propiciar diferentes formas de movimento aguarda os bebês. A professora espalha cavalinhos de balanço e bolas para eles brincarem. As educadoras ficam de olho na turma e a estimula a brincar. Os meninos montam no cavalinho e elas desafiam: "Agora balança! Pra frente e pra trás! Quer ajuda? Consegue sair? Muito bom! Você consegue sozinho!"
- Como o bebê aprende com isso Quando as crianças têm espaço e liberdade para se movimentar, aprendem a medir sua força e seus limites. Elas se exercitam até que o domínio da ação as impele ao próximo desafio, como se dissessem: "Já sei andar. Vou ver se corro". Nos primeiros anos de vida, ocorrem grandes mudanças em relação a tudo o que se refere à capacidade de movimento. O bebê passa de uma situação de dependência para uma de certo controle, do movimento descoordenado à coordenação quase total. "Tudo isso se dá por meio de brincadeiras simples, como se movimentar num cavalinho de balanço", explica Beatriz Ferraz. Por volta do primeiro ano de vida, a criança começa a construir uma representação do próprio corpo, dos seus segmentos e de suas possibilidades e limitações. Esse esquema corporal é criado com base em experiências cognitivas, verbais, motoras ou relacionadas a sensações. Os conceitos de organização espacial também se formam nessa fase por meio do contato com as expressões que os adultos usam para indicar a localização do bebê (dentro, fora etc.). Com o tempo, eles são interiorizados e dão início à construção das ideias sobre o espaço e o tempo (em cima, embaixo, amanhã, depois etc.). O movimento e a fala dos educadores são responsáveis ainda pela aquisição das noções de duração, sucessão e ritmo.
- Outras aprendizagens O movimento, por si só, é uma das primeiras conquistas da criança rumo à autonomia e à formação da identidade. Já as experiências relativas ao espaço e ao tempo garantem que ela se aproxime de noções de Matemática e de conceitos-chave para a exploração do ambiente.
- Base teórica Segundo as ideias do psicólogo e filósofo francês Henri Wallon , o movimento é a base da comunicação dos pequenos. A motricidade, portanto, tem um caráter pedagógico tanto pela qualidade do gesto como por sua representação.
4. O mundo todo para conhecer (Eixo: Exploração do Ambiente)
Os bebês têm necessidade de agir e aprender sobre o que os rodeia. É sobre isso que discorre o eixo Exploração do Ambiente. Para tanto, eles utilizam olhos, nariz, ouvidos, boca, mãos e pés. Observam pessoas ou objetos em movimento, sentem a temperatura das coisas, ficam atentos a uma voz e põem na boca tudo o que conseguem agarrar.
- Como o bebê aprende com isso Por meio da exploração, da curiosidade, da observação e dos questionamentos que fazem aos adultos, as crianças buscam entender o como e o porquê dos fenômenos da natureza e da sociedade. Segurando, mordendo, batendo e carregando objetos e materiais, elas começam a perceber que eles existem independentemente de suas ações. Essas coisas podem estar isoladas ou em grupos, ter tamanhos variados e aparecer em diferentes quantidades. À medida que vão trabalhando com isso, os pequenos adquirem informações sobre o mundo e constroem a gênese do conhecimento sobre as características dos objetos, da natureza e do espaço que os cercam. Isso pode se dar por meio da tentativa de calçar um sapato, colocar uma caixa maior dentro de outra menor ou ainda pela observação de um aquário montado na sala. "Na interação com as situações e com parceiros mais experientes que os façam refletir, os bebês são apresentados ao mundo e aos poucos conceitualizam a vida à sua volta", ressalta Maria Ângela.
- Outras aprendizagens A possibilidade de explorar um espaço, se movimentando por locais em que haja obstáculos planejados e em diferentes tipos de solo propicia desafios motores. As conquistas e descobertas feitas nessa etapa e a oportunidade de escolher também permitem que a criança construa sua autonomia.
- Base teórica Segundo o cientista suíço Jean Piaget , há quatro estágios básicos do desenvolvimento cognitivo. O primeiro é o sensório-motor, que vai até os 2 anos. Nessa fase, o conhecimento se constrói por meio do movimento e dos sentidos. Para conhecer o mundo, as crianças utilizam tudo o que sabem fazer: pegar, soltar, colocar na boca, sentir com as mãos etc.
UMA DESCOBERTA EM CADA CANTO DO JARDIM Um gramado com diferentes tipos de planta e um grande tanque de areia são convites à exploração. As crianças se espalham e são incentivadas a descobrir mais sobre o ambiente que as rodeia. Uma menina avista uma formiga, se abaixa e tenta pegá-la. O inseto foge e ela sorri. Logo depois, corre pela grama, se agacha e tira folhas do chão. Ela olha para a professora, que comemora o feito.
- Como o bebê aprende com isso Por meio da exploração, da curiosidade, da observação e dos questionamentos que fazem aos adultos, as crianças buscam entender o como e o porquê dos fenômenos da natureza e da sociedade. Segurando, mordendo, batendo e carregando objetos e materiais, elas começam a perceber que eles existem independentemente de suas ações. Essas coisas podem estar isoladas ou em grupos, ter tamanhos variados e aparecer em diferentes quantidades. À medida que vão trabalhando com isso, os pequenos adquirem informações sobre o mundo e constroem a gênese do conhecimento sobre as características dos objetos, da natureza e do espaço que os cercam. Isso pode se dar por meio da tentativa de calçar um sapato, colocar uma caixa maior dentro de outra menor ou ainda pela observação de um aquário montado na sala. "Na interação com as situações e com parceiros mais experientes que os façam refletir, os bebês são apresentados ao mundo e aos poucos conceitualizam a vida à sua volta", ressalta Maria Ângela.
- Outras aprendizagens A possibilidade de explorar um espaço, se movimentando por locais em que haja obstáculos planejados e em diferentes tipos de solo propicia desafios motores. As conquistas e descobertas feitas nessa etapa e a oportunidade de escolher também permitem que a criança construa sua autonomia.
- Base teórica Segundo o cientista suíço Jean Piaget , há quatro estágios básicos do desenvolvimento cognitivo. O primeiro é o sensório-motor, que vai até os 2 anos. Nessa fase, o conhecimento se constrói por meio do movimento e dos sentidos. Para conhecer o mundo, as crianças utilizam tudo o que sabem fazer: pegar, soltar, colocar na boca, sentir com as mãos etc.
5. A construção da independência (Eixo: Identidade e Autonomia)
A capacidade de se perceber como pessoa que vai se tornando independente ao receber os estímulos devidos é o tema do eixo Identidade e Autonomia. Um bom desenvolvimento psicomotor, cognitivo e linguístico está intimamente ligado à progressiva construção da personalidade e das capacidades de se relacionar e se comunicar com as outras pessoas - o que se dá durante toda a evolução da criança. Nos primeiros meses de vida, ela e o mundo são a mesma coisa. Na interação com colegas e adultos, tudo muda de figura.
- Como o bebê aprende com isso Num ambiente desafiador e que possibilita interações adequadas, desde muito cedo a criança age com crescente independência. Ela aponta para pessoas ou coisas de que gosta e decide o que vai explorar. Ao tomar decisões e fazer escolhas, ganha um sentido de controle e eficácia pessoal, como se dissesse: "Sou alguém que consegue fazer isso". Essa sensação é proporcionada ao permitir que se alimentem sozinhos, por exemplo. "Eles devem realizar várias tarefas por conta própria, mas isso não quer dizer largá-los à própria sorte", afirma Maria Ângela. "Ao contrário, é preciso intervir sempre que necessário e ajudá-los a entender como se faz determinada coisa." À medida que o ambiente os encoraja a ser independentes, eles também têm de se proteger contra experiências que causem vergonha - como não conseguir fazer algo sozinhos na primeira tentativa. Nesse ponto, a formação de fortes laços emocionais com a mãe e o educador é essencial. Apoio e incentivo são muito mais eficazes para eles do que críticas e restrições.
- Outras aprendizagens Ao terem a oportunidade de interagir, os bebês aprendem a se relacionar com o outro. Os possíveis conflitos gerados nessas situações são um ótimo meio de aquisição da linguagem verbal, desde que bem mediados pelo professor. Já quando realizam uma atividade sozinhos, como almoçar, o estimulo à observação dos alimentos proporciona conhecer os hábitos culturais de onde vivem.
- Base teórica Para Vygotsky, o homem é dialógico por natureza: precisa dos semelhantes para existir, ser e viver. "Na ausência do outro, o homem não se constrói homem", escreveu o psicólogo. A identidade e a autonomia, de acordo com ele, estão intimamente ligadas às relações estabelecidas com o grupo.
AJUDA NA HORA DE COMER SÓ PARA QUEM PRECISA O refeitório é amplo e organizado. As crianças menores se sentam em cadeirões e são alimentadas pelas assistentes, que conversam com elas. "Quer comer sozinha? Tente pegar a colher. Isso! Agora ponha na boca." Os que já têm essa habilidade se sentam à mesa de tamanho adequado à faixa etária. A professora serve o prato e apenas estimula todos a comer.
- Como o bebê aprende com isso Num ambiente desafiador e que possibilita interações adequadas, desde muito cedo a criança age com crescente independência. Ela aponta para pessoas ou coisas de que gosta e decide o que vai explorar. Ao tomar decisões e fazer escolhas, ganha um sentido de controle e eficácia pessoal, como se dissesse: "Sou alguém que consegue fazer isso". Essa sensação é proporcionada ao permitir que se alimentem sozinhos, por exemplo. "Eles devem realizar várias tarefas por conta própria, mas isso não quer dizer largá-los à própria sorte", afirma Maria Ângela. "Ao contrário, é preciso intervir sempre que necessário e ajudá-los a entender como se faz determinada coisa." À medida que o ambiente os encoraja a ser independentes, eles também têm de se proteger contra experiências que causem vergonha - como não conseguir fazer algo sozinhos na primeira tentativa. Nesse ponto, a formação de fortes laços emocionais com a mãe e o educador é essencial. Apoio e incentivo são muito mais eficazes para eles do que críticas e restrições.
- Outras aprendizagens Ao terem a oportunidade de interagir, os bebês aprendem a se relacionar com o outro. Os possíveis conflitos gerados nessas situações são um ótimo meio de aquisição da linguagem verbal, desde que bem mediados pelo professor. Já quando realizam uma atividade sozinhos, como almoçar, o estimulo à observação dos alimentos proporciona conhecer os hábitos culturais de onde vivem.
- Base teórica Para Vygotsky, o homem é dialógico por natureza: precisa dos semelhantes para existir, ser e viver. "Na ausência do outro, o homem não se constrói homem", escreveu o psicólogo. A identidade e a autonomia, de acordo com ele, estão intimamente ligadas às relações estabelecidas com o grupo.
6. Expressão e percepção visual (Eixo: Exploração e Linguagem Plástica)
Arte, nessa fase, remete à apropriação de diversas linguagens que formam a expressividade humana. Esse é o mote do eixo Exploração e Linguagem Plástica. Trabalhar o tema com os pequenos significa incentivá-los a deixar suas marcas, e não produzir obras de arte. Simples rabiscos os encantam.
- Como o bebê aprende com isso Num primeiro momento, os bebês produzem riscos, pontos e círculos aleatórios, sem uma forma aparentemente definida. "A primeira relação da meninada com o desenho se dá, de fato, pelo movimento: o prazer de produzir um traço sobre o papel", conta Maria Clotilde. Com o tempo, e após várias experiências com materiais, suportes e técnicas diferentes, as formas se tornam mais definidas e próximas da realidade. Assim, as crianças expandem suas capacidades nessa área. É por meio dos desenhos que, paulatinamente, elas passam a ter controle para fazer linhas abertas, fechadas, compridas, curtas e pontilhadas (inclusiveO desenho e o desenvolvimento das crianças, entendendo o que isso tudo quer dizer). Com o uso de materiais como massa de modelar, aprendem a moldar, bater, enrolar e puxar. As tintas são espalhadas no papel com pincéis, esponjas e até com as mãos. "Dessa forma, desenvolvem-se a expressão artística, a curiosidade e a criatividade e se constroem os fundamentos das linguagens visuais, como ritmo, contraste, tamanho e cor", explica Maria Clotilde.
- Outras aprendizagens Por trabalhar com a expressividade, as atividades artísticas são importantes no desenvolvimento da identidade e da autonomia ("Este é o meu desenho! Aqui está meu irmão."). Elas são ainda um meio de controle motor, de compreensão do espaço e de desenvolvimento da imaginação (fundamental para a condição humana e relacionada ao brincar).
- Base teórica Para a pesquisadora norte-americana Rhoda Kellogg, o desenho se desenvolve com base nas observações que a criança realiza sobre suas produções gráficas. Por isso, são tão importantes as atividades com variados suportes e instrumentos de expressão.
RABISCOS DE CORES E FORMAS VARIADAS: É ARTE A educadora pega os potes com canetas hidrocor. É hora do desenho. Ela distribui cartolinas e espalha as canetinhas pelo chão. Os bebês escolhem a cor que querem e começam a desenhar. A caneta desliza pela folha e logo depois vai para a boca. A professora, sempre de olho, mostra aprovação sobre o trabalho dos pequenos. "Mas que beleza! Está bonito demais isso."
Arte, nessa fase, remete à apropriação de diversas linguagens que formam a expressividade humana. Esse é o mote do eixo Exploração e Linguagem Plástica. Trabalhar o tema com os pequenos significa incentivá-los a deixar suas marcas, e não produzir obras de arte. Simples rabiscos os encantam.
- Como o bebê aprende com isso Num primeiro momento, os bebês produzem riscos, pontos e círculos aleatórios, sem uma forma aparentemente definida. "A primeira relação da meninada com o desenho se dá, de fato, pelo movimento: o prazer de produzir um traço sobre o papel", conta Maria Clotilde. Com o tempo, e após várias experiências com materiais, suportes e técnicas diferentes, as formas se tornam mais definidas e próximas da realidade. Assim, as crianças expandem suas capacidades nessa área. É por meio dos desenhos que, paulatinamente, elas passam a ter controle para fazer linhas abertas, fechadas, compridas, curtas e pontilhadas (inclusiveO desenho e o desenvolvimento das crianças, entendendo o que isso tudo quer dizer). Com o uso de materiais como massa de modelar, aprendem a moldar, bater, enrolar e puxar. As tintas são espalhadas no papel com pincéis, esponjas e até com as mãos. "Dessa forma, desenvolvem-se a expressão artística, a curiosidade e a criatividade e se constroem os fundamentos das linguagens visuais, como ritmo, contraste, tamanho e cor", explica Maria Clotilde.
- Outras aprendizagens Por trabalhar com a expressividade, as atividades artísticas são importantes no desenvolvimento da identidade e da autonomia ("Este é o meu desenho! Aqui está meu irmão."). Elas são ainda um meio de controle motor, de compreensão do espaço e de desenvolvimento da imaginação (fundamental para a condição humana e relacionada ao brincar).
- Base teórica Para a pesquisadora norte-americana Rhoda Kellogg, o desenho se desenvolve com base nas observações que a criança realiza sobre suas produções gráficas. Por isso, são tão importantes as atividades com variados suportes e instrumentos de expressão.
7. Produtores de música (Eixo: Linguagem Musical e Expressão Corporal)
Desde antes do nascimento, as crianças estão imersas num mundo repleto de sons e são capazes de reagir a eles. Quando nascem, conseguem distinguir a voz humana e, nos primeiros meses de vida, se encantam com músicas associadas a gestos. Mesmo sem saber falar corretamente ou andar, elas tentam seguir os movimentos com as mãos. São essas capacidades o foco do eixo Linguagem Musical e Expressão Corporal.
- Como o bebê aprende com isso A linguagem musical está presente em todos os momentos da vida e atua como um elo entre as gerações de uma mesma família e entre membros da comunidade. "Fornecer um repertório amplo de ritmos e sons é garantir o acesso à cultura", ressalta Beatriz Ferraz. Cantar cantigas, dançar em roda, acompanhar a música com palmas e saber o nome e os sons de vários instrumentos são alguns dos conteúdos trabalhados na creche. As crianças costumam descobrir fontes sonoras surpreendentes ao bater, sacudir ou empurrar objetos à sua volta, assim como quando utilizam instrumentos sonoros simples. A atividade é ainda mais proveitosa quando o professor as estimula: "Escutem que som legal ele faz quando agita o chocalho".
- Outras aprendizagens O trabalho com ritmos tem uma importante relação com atividades de movimento. As músicas são ainda uma ferramenta para a aquisição da linguagem verbal.
- Base teórica Para o cientista norte-americano Howard Gardner, o homem é dotado de múltiplas inteligências, dentre elas a musical e a físico-cinestésica. O que nos leva a desenvolver capacidades inatas são a Educação que recebemos e as oportunidades que encontramos. Por isso, é papel da escola trabalhar com os sons, a música e a dança - fontes de conexão cultural.
BATUQUES, PALMAS E CANÇÕES FAZEM UM SHOW DE RITMOS A professora chama a turma para um cantinho repleto de instrumentos musicais. Os pequenos ainda não sabem falar, mas acompanham, do seu jeito, a música cantada por ela. Batem palmas e, ao fim de cada verso, soltam um som parecido com a letra. Uma criança pega um chocalho e tenta acompanhar. Outra pega um bumbo e bate animada, como se, sozinha, pudesse ditar o ritmo.
Desde antes do nascimento, as crianças estão imersas num mundo repleto de sons e são capazes de reagir a eles. Quando nascem, conseguem distinguir a voz humana e, nos primeiros meses de vida, se encantam com músicas associadas a gestos. Mesmo sem saber falar corretamente ou andar, elas tentam seguir os movimentos com as mãos. São essas capacidades o foco do eixo Linguagem Musical e Expressão Corporal.
- Como o bebê aprende com isso A linguagem musical está presente em todos os momentos da vida e atua como um elo entre as gerações de uma mesma família e entre membros da comunidade. "Fornecer um repertório amplo de ritmos e sons é garantir o acesso à cultura", ressalta Beatriz Ferraz. Cantar cantigas, dançar em roda, acompanhar a música com palmas e saber o nome e os sons de vários instrumentos são alguns dos conteúdos trabalhados na creche. As crianças costumam descobrir fontes sonoras surpreendentes ao bater, sacudir ou empurrar objetos à sua volta, assim como quando utilizam instrumentos sonoros simples. A atividade é ainda mais proveitosa quando o professor as estimula: "Escutem que som legal ele faz quando agita o chocalho".
- Outras aprendizagens O trabalho com ritmos tem uma importante relação com atividades de movimento. As músicas são ainda uma ferramenta para a aquisição da linguagem verbal.
- Base teórica Para o cientista norte-americano Howard Gardner, o homem é dotado de múltiplas inteligências, dentre elas a musical e a físico-cinestésica. O que nos leva a desenvolver capacidades inatas são a Educação que recebemos e as oportunidades que encontramos. Por isso, é papel da escola trabalhar com os sons, a música e a dança - fontes de conexão cultural.
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